segunda-feira, 2 de março de 2009

A ESFINGE


Ah, que não penso eu como quem pensa
Que viver muito é atordoar-se bem!
Pus-me a um cantinho, e achei a vida imensa.
Pode um só passo andar bem mais que cem...

Fitei o Sol de cara e a noite densa,
Mas só a mim fixei - que a mais ninguém.
Já não concebo angústia que me vença,
Que até vencido vencerei também.

Cruzei os braços sobre o peito. E quedo,
Passeio sobre a areia a arder parada
Nem sei que olhar subtil, vazio, mudo.

Abram-me... em vão! Sou oco e sem segredo.
Falar?!... Porque falar, se não sei nada?
Contemplo, calo, fico... e entendo tudo.


José Régio

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