Não tarda que ela acorde, a voz nocturna
Que só levanta enigmas e embaraços,
Me esfrie a boca, o peito, os membros lassos,
Me afunde a alma em frouxidão soturna...
Não tarda que da aérea furna
Onde mora, em não sei que ideias espaços,
Dos longes da Abstracção me estenda os braços
O portador da cinerária urna...
Porém agora, embora um só momento,
Sobre nós caia, amor, o Esquecimento!
Que eu não seja nem tu, nem nós, nem eu,
Nem mais, talvez, do que uma simples cousa:
Corpo feliz que sobre o teu repousa,
Como deitado em pleno mar ou céu...
José Régio
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