quarta-feira, 4 de março de 2009

NOVO SONETO DE AMOR


Numa volta qualquer do redondel
Nosso olhar se encontrou, longo e seguro.
Tu seguias teu fado amplo e cruel;
Eu sonhava o meu sonho imenso e obscuro.

Pousada a esponja de vinagre... e mel
No meu sôfrego lábio seco e duro,
Logo, ao teu fado de emigrar fiel,
Me deixaste ao dobrar de qualquer muro.

Adeus, pois, neste mundo, se te apraz!
Parte!... mas eu irei aonde vás,
Como tu ficarás onde eu ficar.

Deus fez-te minha e fez-me teu, bem sabes:
A vida em que não caibo, nem tu cabes,
Nada pode, entre nós, senão passar...


José Régio

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