sábado, 28 de fevereiro de 2009

MELANCOLIA


Basta, meu coração! nada de esperanças!
Desesperança extrema, altiva, e crua.
Silêncio sobre uma grande álea nua
Com troncos sem folhagens, como lanças.

Nenhum lenço a acenar frágeis lembranças.
Espaços baços, amplos, e sem lua.
Um vento igual, rasteiro, e sem que insinua
Resignações que fingem de bonanças.

O chão varrido e bem pisado, espesso
Como um peito esmagado em cujo avesso
Congelem subterrâneos de soluços.

E ao fundo, um pobre corpo abandonado...
Abandonado e a apodrecer, de bruços,
Com feridas que vão de lado a lado.


José Régio

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