terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A MULHER-AMANTE


Ficas tão grande e tão branca, assim nua,
Que de estranheza em mim não caio,
Querida. Brilhante como a lua,
Como lua em mês de Maio.

Tens dois seios,
Pêlos e lisa musculatura.
Ancas prometendo largos meneios,
Dançarina de flexível cintura.

Entrega-te! Na rua em frente
Caem chuvas. Vazio o envidraçado,
A esconder-nos... - de toda, toda a gente! -
Quanto pesa o teu cabelo? É muito pesado.

- Que é dos teus beijos? Tenho a garganta azedada,
Vem com os teus lábios dar-me um beijo!
- Tens frio? - Estás tão gelada
E morta, nas pálidas costelas que te vejo.

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
Autor desconhecido
(1912)

Sem comentários:

Enviar um comentário